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Do movimento curdo às mobilizações em massa na Turquia

por Uraz Aydin
Abdullah Öcalan inspeciona guerrilheiros armados em setembro de 1991. © Getty images

Por ocasião do acordo sobre a dissolução do PKK (sigla em turco do Partido dos Trabalhadores do Curdistão), o professor e jornalista turco Uraz Aydin* fala, nesta entrevista concedida a Antoine Larrache em 4 de julho passado, sobre a história do movimento curdo, do partido de Öcalan e a evolução da contestação contra o regime de Erdoğan.

Qual é a orientação do PKK e o que o diferencia de outras formações políticas de esquerda ou nacionalistas?

É preciso situar a fundação do PKK no contexto de politização e radicalização dos anos 60 do século XX, quando se testemunhou o desenvolvimento do movimento operário e uma radicalização revolucionária, especialmente entre os jovens. Mas os 60 foram também uma década de despertar da consciência nacional curda. Essa politização nacional curda foi canalizada em grande medida pelo Partido Operário da Turquia (TIP), que era o principal ator político do movimento operário naquela década. Foi no fim dos anos 60, mas sobretudo após a anistia de 1974, quando milhares de militantes turcos e curdos detidos desde a intervenção militar de 1971 foram libertados, que os revolucionários curdos começaram a fundar as suas próprias organizações independentes1. O PKK se formou logo em seguida, mas relativamente tarde. Embora a história oficial da organização remonte a 1973, foi somente em 1978 que o Congresso de sua fundação ocorreu. Antes disso, era um núcleo de estudantes e, principalmente, professores, reunidos em torno de Abdullah Öcalan. Eles se autodenominavam “Revolucionários do Curdistão”, mas eram mais conhecidos como Apocu (“os partidários de Apo”, diminutivo de Abdullah). Assim, desde o início, a personalidade de Öcalan teve um peso central.

Em termos programáticos, nada de específico o diferenciava da multidão de outras organizações da esquerda radical curda que defendiam a luta armada por um “Curdistão independente, unificado, democrático e socialista” numa perspectiva etapista2. Entretanto, as armas eram utilizadas sobretudo para se defender dos ataques da extrema direita fascista dos “Lobos Cinzentos” ou na guerra fratricida que reinava no seio da esquerda revolucionária. O PKK era um dos dois principais grupos que não hesitavam em recorrer às armas contra outros grupos curdos (e turcos) rivais, mas não era o único nesse campo. Assim, antes do golpe de Estado de 19803, o PKK era uma organização revolucionária curda entre outras.

O que justificou o início de uma estratégia de luta armada contra o Estado turco em 1984?

Foi principalmente após 1984 que o PKK começou a se enraizar entre a população plebeia e camponesa curda. Vamos voltar um pouco no tempo. Öcalan saiu da Turquia em 1979, durante o estado de emergência, mas antes do golpe de Estado. Este foi um elemento decisivo na construção da organização. Ele teve tempo para estabelecer contatos com grupos de resistência palestinos na Síria e no Líbano, preparar as condições de exílio para seus militantes, condições que também seriam as de um verdadeiro aprendizado militar. Depois do golpe de 1980, Apo convocou seus militantes a retornar clandestinamente à Síria. Eles seriam treinados nos mesmos campos que os palestinos no vale de Bekaa, no Líbano, sob ocupação síria. Alguns participaram da resistência contra a invasão israelense no Líbano. O PKK perdeu dezenas de membros, o que também lhe rendeu certa legitimidade.

O PKK iniciou a luta armada em agosto de 1984 porque Öcalan considerava que seu exército estava pronto. A questão da luta militar como método para a libertação do Curdistão era justificada não pelas condições ou relação de forças conjunturais, mas em termos programáticos desde 1978. A ofensiva contra o Estado turco foi planejada já em 1982, mas foi adiada várias vezes. Além disso, Öcalan operava na ocasião no Oriente Médio, onde as alianças e rivalidades entre vários Estados e movimentos nacionais curdos (do Iraque e do Irã) constituíam um terreno muito instável. Esse contexto instável também pesava sobre as condições da luta. A aliança que ele formou com o grupo de Barzani, dominante no norte do Iraque, corrente que antes ele considerava feudal e reacionária, foi decisiva para construir seus acampamentos nas montanhas da fronteira com a Turquia e, assim, poder lançar sua guerrilha. Enquanto todos os outros grupos curdos e turcos tentavam preservar suas forças no exílio, na Síria, mas principalmente na Europa, o PKK foi o único a se engajar em uma verdadeira luta armada. A legitimidade que conquistou ao longo de suas ofensivas permitiu-lhe recrutar cada vez mais pessoas, apesar das importantes perdas de combatentes sofridas no terreno.

Quarenta anos depois, o anúncio da dissolução não parece um fracasso, tanto no plano militar quanto no político?

Acho que os objetivos militares já não existiam há várias décadas. Se, para Öcalan, na fundação do partido e nos anos 80, qualquer objetivo que não fosse a independência (diversas formas de autonomia, entidades federativas...) era reacionário, o dirigente começou a rever suas ideias no início dos anos 90, especialmente após a queda das ditaduras burocráticas do Leste. Chegaria, como se sabe, a uma crítica à forma de Estado-nação. Öcalan já havia tentado negociações em 1993. Após sua prisão em 1999, começou a defender uma orientação totalmente nova, para grande surpresa dos dirigentes e militantes do PKK, que se preparavam para intensificar a guerra e as ações suicidas. A nova orientação visava pôr fim à luta armada em favor de um cessar-fogo permanente para abrir caminho a uma solução política. Renunciava, portanto, indiscutivelmente, ao objetivo estratégico de um Curdistão independente. Seguiram-se dois outros processos de negociação em 2007-2009 e 2013-2015, que infelizmente fracassaram. No entanto, a criação da zona autônoma de Rojava, no nordeste da Síria, também deve ser interpretada neste contexto militar e político. A existência de uma estrutura administrativa ligada ao PKK na fronteira com a Turquia constitui uma conquista importante para a organização, contra o Estado turco e em relação ao seu rival histórico no norte do Iraque, o clã Barzani e seu Partido Democrático do Curdistão.

Em que ponto estão hoje as novas negociações?

É importante precisar que o movimento curdo não é apenas um movimento armado. O PKK conseguiu formar um movimento massivo de vários milhões de pessoas, com diversas estruturas civis que, por vezes, se desenvolveram com dinâmicas autônomas, apesar do autoritarismo da organização. Hoje, a base civil-democrática parece ser muito mais importante e eficaz na sua luta do que a estrutura armada em termos dos objetivos a alcançar para o povo curdo. Portanto, embora existam aspectos fortemente criticáveis, como o autoritarismo, o fetichismo excessivo pelo líder, as execuções arbitrárias em massa internas (especialmente na virada dos anos 80-90), as dezenas de atentados indiscriminados... é preciso reconhecer que este movimento, ao longo do tempo, contribuiu fortemente para a consolidação de uma consciência nacional do povo curdo e, em grande parte, enraizou-a na esquerda, com valores feministas, igualitários e de fraternidade entre os povos. Do ponto de vista histórico, isso é uma vantagem importante.

No que diz respeito às últimas negociações, tudo começou com o apelo inesperado do líder de extrema direita e principal aliado de Erdoğan, Devlet Bahçeli, em 22 de outubro de 2024, para que Abdullah Öcalan se dirigisse ao parlamento para declarar o fim da luta armada e a dissolução do PKK. Após um período de negociações muito opacas entre o Estado turco e Öcalan, com a participação de uma delegação do DEM Parti (partido reformista de esquerda surgido do movimento curdo) e da direção do PKK, o fundador da organização, desde sua prisão na ilha de Imrali, no mar de Mármara, anunciou por carta, em 27 de fevereiro de 2025, que o PKK deveria se dissolver. Não sabemos quais foram os debates dentro da organização. Já havia tensões entre Apo e o Conselho Presidencial da organização nas negociações anteriores. Portanto, é difícil imaginar que a direção do PKK tenha chegado rapidamente a um consenso diante de um processo declarado de forma tão abrupta. A direção da organização enfatiza fortemente que todo o processo deveria ser conduzido por Öcalan, o que pode ser visto como uma vontade de não assumir diretamente a responsabilidade.

O desarmamento do PKK constitui certamente uma base importante para a desmilitarização da questão curda, mesmo que o regime de Erdoğan vá, sem dúvida, tentar orientar este processo de acordo com os seus interesses e, em particular, para quebrar a aliança entre o movimento curdo e a oposição democrática burguesa liderada pelo CHP4, criminalizada pelo regime. No entanto, ainda não sabemos quais serão os avanços democráticos de que os curdos poderão beneficiar com a dissolução do PKK. Provavelmente será formada uma comissão parlamentar para determinar as medidas a tomar. Estas deverão incluir, numa primeira fase, a libertação dos presos políticos (ligados ao movimento curdo), a retirada da tutela (os kayyum) dos municípios curdos e o retorno dos prefeitos aos seus cargos, a reintegração dos “acadêmicos pela paz” aos seus empregos e a possibilidade de Öcalan liderar livremente seu movimento, poder se comunicar com o exterior, receber visitas, etc.

Segundo o movimento curdo, outras reformas mais estruturais deveriam seguir, relativas ao estatuto da sua identidade e cultura nacional na sociedade turca, o que exigiria uma nova Constituição. Erdoğan planeja precisamente alterar a Constituição para poder candidatar-se novamente às próximas eleições. Será que uma nova Constituição vai garantir os direitos dos curdos e, ao mesmo tempo, consolidar o caráter autocrático do regime? A questão é controversa, mas ainda não chegamos a esse ponto. Outro problema é a ordem em que esses passos se darão. O Estado vai esperar que a entrega das armas seja totalmente concluída para aplicar as supostas reformas democráticas, ou os dois processos vão se sobrepor? Parece que Erdoğan opta pela primeira possibilidade – que é dificilmente aceitável para o PKK –, enquanto Bahçeli parece mais realista nesse ponto.

Qual é a situação política na Turquia depois do movimento contra a prisão do prefeito de Istambul, İmamoğlu?

Depois de 19 de março, assistimos a uma mobilização social como não se via há muito tempo. Milhões de cidadãos e cidadãs saíram às ruas para defender os prefeitos eleitos, o direito ao voto, a democracia e a liberdade. Embora o movimento tenha sido extremamente heterogêneo, observou-se uma radicalização notável, especialmente entre os jovens universitários e estudantes do ensino médio. Como costuma acontecer após explosões espontâneas, o ímpeto do movimento diminuiu após algum tempo. No entanto, uma dinâmica perdurou graças às campanhas de boicote contra certos grupos capitalistas que apoiam o AKP de Erdogan. Mas, na ausência de bases de luta social duradouras, de plataformas e de coordenações capazes de prolongar a resistência – além dos apelos pontuais para reuniões lançados pelo CHP –, pode-se dizer que hoje o movimento perdeu seu ímpeto nas ruas, mesmo que a indignação continue bem forte.

O regime mantém sua repressão ao CHP com várias ondas sucessivas de prisões em vários distritos de Istambul. Onze prefeitos distritais estão atualmente detidos aguardando julgamento. Uma última onda “anticorrupção” foi lançada contra o ex-prefeito do CHP de Izmir e sua equipe (um total de 160 pessoas sob custódia). Hoje completam-se cem dias desde a prisão de İmamoğlu, e a acusação ainda não está pronta. Isso mostra claramente até que ponto o regime de Erdoğan age de forma totalmente arbitrária. Além disso, há também uma tentativa jurídica de dividir o CHP. Foi aberto um processo por supostas irregularidades durante o congresso do CHP de 2023, congresso no qual Özgür Özel, novo presidente do partido, foi eleito – um líder que, desde a prisão de İmamoğlu, tem conduzido uma política de oposição com uma firmeza incomum para o CHP. No entanto, Kemal Kılıçdaroğlu, o antigo presidente do partido (e ex-candidato à Presidência, que perdeu para Erdoğan em 2023), sugere, numa lógica de vingança, que poderá reassumir a liderança do partido se o congresso for cancelado. Ele também afirma que considera inútil a mobilização que começou em 19 de março, que é uma questão entre İmamoğlu e a justiça. Assim, uma tensão manifesta e pública opõe a equipe de Kılıçdaroğlu à de Özel e İmamoğlu. Por enquanto, o julgamento foi adiado para setembro.

Qual é a situação atual do movimento operário?

As organizações sindicais do movimento operário praticamente não tiveram nenhum papel no recente movimento de contestação. A classe trabalhadora não se reconheceu no movimento. Uma parte importante ainda é receptiva à propaganda de Erdoğan, apesar da dramática deterioração do poder de compra nos últimos anos. E, por enquanto, muito poucos esforços foram feitos (especialmente por parte da esquerda radical, anticapitalista e revolucionária) para fazer entender que a questão democrática e a questão social estão intimamente ligadas. As aspirações democráticas devem ser alimentadas com um conteúdo de classe. O “choque proletário” de que falava Ernst Bloch continua a ser a principal ausência na luta contra o regime. Esta é a tarefa estratégica mais importante, a mais determinante do ponto de vista histórico e mais difícil que a esquerda revolucionária enfrenta. Trata-se de quebrar a divisão cultural-religiosa, cuja manutenção e aprofundamento são a principal arma do AKP, e substituí-la por uma polarização de classe.

Mas, voltando à fraqueza dos sindicatos no movimento, há várias razões para isso. Em primeiro lugar, a taxa de sindicalização é baixa na Turquia, com apenas cerca de 15%. E é preciso levar em conta que essa porcentagem inclui apenas os trabalhadores “declarados” (formais), portanto, não aqueles que trabalham informalmente. Assim, o nível real de sindicalização é ainda mais baixo. Além disso, as maiores confederações são de direita conservadora e nacionalista. Algumas estão totalmente sob a influência do AKP. Portanto, não se deve esperar greves por parte delas, especialmente no contexto político atual. DISK e KESK são as confederações mais à esquerda. Mas aqui, como em outros lugares, os laços entre os sindicatos e seus membros nem sempre são muito orgânicos, e há sérias dúvidas de que os trabalhadores participem maciçamente dessas greves. Tanto mais que isso pode representar um risco sério de perder o emprego, dado que as leis, e até mesmo a Constituição, não significam mais nada neste país. Há vários anos, todas as greves são proibidas (“adiadas”) porque, segundo o governo, prejudicam a segurança nacional.

No entanto, em junho de 2025, houve uma greve de 23 mil trabalhadores da prefeitura de Izmir, com uma reivindicação principal muito legítima: obter aumentos salariais e igualdade salarial com os colegas que fazem o mesmo trabalho. A greve foi liderada pelo sindicato Genel-Iş, ligado ao DISK, organizado principalmente nas prefeituras do CHP e em estreita conivência com estas. A greve durou apenas uma semana e os trabalhadores obtiveram conquistas significativas na conclusão5. Mas a base do CHP e a fração “colarinho branco” da classe operária reagiram diante dessa greve de forma muito negativa: “vocês estão fazendo o jogo do AKP ao enfraquecer nossas prefeituras”, “por que os garis estão exigindo o mesmo salário que os médicos?” Essa reação nos mostrou mais uma vez o quanto a solidariedade e a consciência de classe ainda precisam ser reconstruídas, mesmo (e talvez especialmente) em tempos de mobilização contra um regime ditatorial. 

Qual é o estado de espírito da população em relação às guerras travadas por Israel?

O antissionismo é, evidentemente, uma posição compartilhada quase unanimemente pela população. Mas existem algumas dificuldades para a construção de um movimento unitário em apoio à Palestina e contra a ofensiva israelense contra o Irã. O regime islamista e nacionalista de Erdoğan adota, naturalmente, uma postura contra Israel e organiza grandes comícios em solidariedade à Palestina. Mas ficou demonstrado que o comércio com Israel e as relações financeiras e militares com Telavive continuam! Recentemente, Selçuk Bayraktar, genro de Erdoğan e fabricante dos famosos drones turcos, anunciou a criação de uma joint venture com a Leonardo, uma empresa italiana alvo de manifestações em várias cidades do mundo, por suas vendas de armas a Israel. De outro lado, o sistema de radar de Kürecik, na base militar da OTAN na província de Malatya, está diretamente integrado à rede de defesa israelense. Portanto, o antissionismo de Erdoğan é mais retórica do que fatos concretos.

Outra dificuldade é que o movimento curdo raramente se mobiliza em relação à questão palestina. As relações entre o movimento curdo e a resistência palestina – seja entre Öcalan e Arafat, o PKK com a OLP ou o Hamas – têm sido marcadas por tensões e desacordos desde a década de 1990. Mais recentemente, Cemil Bayık, um dos líderes do PKK, criticou os métodos do Hamas durante a operação “Tormenta de Al-Aqsa” e declarou que os povos palestino e judeu deveriam encontrar meios de viver em fraternidade. Mas uma razão mais conjuntural reside, sem dúvida, no apoio de Washington e Telavive ao YPG (incluído nas Forças Democráticas Sírias)6, visto como um aliado na Síria. Öcalan havia criticado veementemente essa situação. Durante seu encontro com a delegação do DEM em 21 de abril de 2025, ele afirmou, ao falar sobre as FDS, que “Israel constituiu seu próprio Hachd al-Chaabi” (milícias pró-iranianas que operam no Iraque).

Pode haver uma nova convergência entre o movimento curdo e a oposição, apesar das manobras de Erdoğan?

É preciso lembrar que a convergência entre o movimento curdo e a oposição burguesa laica funcionou principalmente nas eleições. Essas duas forças da oposição precisavam uma da outra para triunfar sobre as forças do regime, tanto em nível municipal quanto presidencial. Mas isso não foi suficiente para derrubar Erdoğan em 2023. É muito difícil prever como serão as relações de força e as disposições de cada um desses agentes políticos até as próximas eleições, previstas para 2028, mas que muito provavelmente ocorrerão antes. O processo de paz continuará com toda a instabilidade e o clima de guerra que reina no Oriente Médio? Em que estado estará o CHP após esta imensa tentativa de criminalização contra ele? Ekrem İmamoğlu estará em liberdade e, sobretudo, elegível para poder unir a oposição contra Erdoğan? 

O essencial hoje é forjar estruturas capazes de garantir a continuidade das lutas contra o regime em vários domínios. Seja na luta contra a abertura de zonas de olivais à exploração mineira, no movimento das mulheres, na crise da habitação – que se tornou um problema grave –, no movimento LGBTI ou na mobilização dos pais contra a mercantilização e a islamização da educação, o objetivo fundamental da esquerda revolucionária deve ser criar estruturas, coordenações e comitês em todos esses campos, para estar preparada para as próximas mobilizações sociais e/ou democráticas de massa, para impedir que essa dinâmica de luta se evapore em poucas semanas. 

4 de julho de 2025

Esta entrevista é uma versão atualizada da realizada para SolidaritéS.

  • 1

    O memorando de 12 de março de 1971 marca um golpe militar “à moda turca”, em que o exército, sem tomar diretamente o poder, impõe um governo autoritário sob o pretexto de restabelecer a ordem. Essa intervenção teve como objetivo esmagar os movimentos operários e estudantis em pleno crescimento, instaurando uma repressão brutal contra a esquerda revolucionária. No entanto, com a chegada ao poder de Bülent Ecevit em 1973, foi proclamada uma anistia, permitindo a libertação de muitos militantes de esquerda presos após o golpe.

  • 2

    Nossa corrente considera “etapista” a ideia de que a revolução nos países dominados ou feudais deve se realizar em duas etapas: primeiro, a revolução nacional ou burguesa, que constituiria um capitalismo democrático e independente do imperialismo; e, em segundo lugar, a revolução social. A essa concepção, opomos a teoria da revolução permanente, que indica que as duas etapas devem ser combinadas para alcançar o objetivo.

  • 3

    Em 12 de setembro de 1980, o exército tomou o poder invocando os confrontos entre os grupos políticos de esquerda e da direita nacionalista. Este golpe de Estado destruiu as conquistas das lutas operárias e populares, instaurou um regime de ditadura militar sangrenta e lançou as bases do neoliberalismo autoritário na Turquia.

  • 4

    Cumhuriyet Halk Partisi, Partido Republicano do Povo, partido criado em 1923 por Mustafa Kemal Atatürk, membro da Internacional Socialista e membro associado do Partido Socialista Europeu.

  • 5

    Um aumento retroativo de 30% nos salários para os primeiros seis meses do ano e uma revalorização de 19% em julho. A inflação é superior a 35% ao ano na Turquia, de acordo com dados oficiais.

  • 6

    As Unidades de Proteção do Povo (em curdo: Yekîneyên Parastina Gel) formam o braço armado do Partido da União Democrática (PYD) curdo na Síria. As FDS são as Forças Democráticas Sírias, que incluem as YPG.

المؤلف - Auteur·es

Uraz Aydin

Uraz Aydin é um entre as centenas de “acadêmicos pela paz” demitidos por assinarem, em 2016, uma petição contra os atos de violência do Estado contra o povo curdo. Proibido de voltar ao trabalho na universidade, ele trabalha hoje como tradutor e jornalista freelancer. Aydin é membro do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Turquia (TIP) e do Bureau Executivo da IV Internacional.