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Glauber Braga, um parlamentar incômodo

Desde 10 de abril, Glauber Braga, ativista e parlamentar do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no Rio de Janeiro, Brasil, está em greve de fome após a decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, composto por uma maioria de direita, de cassar seu mandato de deputado federal por quebra de decoro parlamentar, um motivo alegado desproporcional à gravidade da decisão. A medida, no entanto, está sujeita a apelação e deve ser submetida à aprovação do Parlamento.

A queixa foi apresentada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) em abril de 2024, um grupo de extrema direita. Em 2024, um dos membros do movimento, que o vinha provocando há várias semanas, até meses, ofendeu a mãe de Glauber Braga, que estava morrendo, de forma intolerável. Esse é um procedimento adotado pelos militantes de extrema direita: provocar um ativista de esquerda, tentando fazê-lo “perder a cabeça”, para filmar e divulgar essa “luta contra a esquerda” nas redes sociais. Dessa vez, o deputado respondeu com um chute.

O presidente da Câmara dos Deputados na época, Arthur Lira, moveu o processo contra Glauber Braga como vingança por suas denúncias no Parlamento brasileiro sobre o chamado “orçamento secreto”, um método opaco de obter fundos do orçamento público para projetos de interesse de deputados e senadores. Esses recursos são alocados e aprovados pelos parlamentares sem qualquer informação, seja sobre o valor ou sobre os nomes dos parlamentares envolvidos. O Lira é o principal responsável e beneficiário desse procedimento.

Esse estranho método existe desde 2020. De acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), Lira está sendo investigado pela distribuição de 4,2 bilhões de reais (cerca de 700 milhões de euros) em emendas nos últimos dois anos.

Outras perseguições da direita institucional também estão ocorrendo em cidades onde vereadores do PSOL estão denunciando o genocídio contra o povo palestino. Os métodos utilizados pelas forças de direita não são exclusivos da prática parlamentar no Brasil, e tendem a se multiplicar em outros países, inclusive na França.

Hoje, o Brasil está assistindo a uma espetacular onda de apoio à defesa de Glauber Braga da derrogação da decisão do Conselho de Ética parlamentar. Esse pode ser o caminho para uma grande esperança para os trabalhadores. Diversos sindicatos, organizações indígenas e organizações de vários movimentos sociais se manifestaram a favor da derrogação do julgamento de Glauber Braga.

Em seu site, a Federação Nacional dos Petroleiros escreve sobre “o mandato popular que incomoda os poderosos” e acrescenta: “Este é um novo episódio na perseguição política de um dos poucos parlamentares que nunca se curvou aos interesses das elites inimigas dos trabalhadores”.

A campanha em sua defesa está mobilizando toda a esquerda, inclusive a esquerda não parlamentar, como o PSTU, que também está defendendo o mandato de Glauber, um deputado que também é muito respeitado pela esquerda mais radical. O PSOL, partido bastante dividido entre os setores mais à esquerda e os mais próximos do governo Lula, uniu-se para defender o mandato de Glauber. Gleisi Hoffman, ministra do governo Lula responsável pelas relações com o Parlamento, e Lindbergh Farias, líder da bancada parlamentar do PT, também estão se mobilizando em defesa de Glauber. Em outras palavras, a campanha para defendê-lo está mobilizando toda a esquerda.
Essa unidade na luta pode é repleta de esperanças para a luta de classes no Brasil.

O convite é para que todos aderam ao movimento de solidariedade com esse militante de valor inestimável para as lutas de trabalhadoras e trabalhadores em todo o mundo!

17 de Abril 2025